ENTREVISTA | Portal R7 | Apostas esportivas

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Apostas não são fontes de renda extra, alertam especialistas

Para eles, eventuais ganhos com casas de aposta não são frutos de investimento, mas prêmio por ter tido a sorte de acertar

Quase todo mundo conhece alguém que costuma apostar nas casas de apostas esportivas. Alguns fazem isso por entretenimento. Porém, para muitos, essas ferramentas são consideradas fontes de renda extra.

Para especialistas ouvidos pelo R7, isso é um erro. Por representarem “enormes riscos”, eventuais ganhos com apostas “não podem ser” chamadas de renda extra.

“Investimentos precisam se basear em fundamentos econômicos que permitem avaliar, por exemplo, a capacidade de uma empresa de gerar lucro. Por mais profissionais que possam parecer, apostas não oferecem esse tipo de fundamentação, por isso não podem ser consideradas como investimento”, avalia Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank.

Ele explica que, embora existam casos de sucesso com apostas no curto prazo, não é fácil sustentar esse bom desempenho. Isso porque o resultado dos jogos seria imprevisível.

Por sua vez, o educador financeiro Rogério Araújo tem visão levemente diferente. Para ele, só é possível fazer um dinheiro a mais com as apostas se o investidor tiver especialização em matemática aplicada ou em estatística.

“Bolsa de valores e casas de apostas são muito parecidas quando o investidor não tem conhecimento [sobre elas]”, afirma ele.

Ainda, Araújo acredita que as casas de apostas são diferentes da Mega Sena, por exemplo. Isso porque no serviço estatal há “maior transparência”, por mais que o investidor não possa ficar contando com eventuais ganhos vindos da loteria.

Nesse sentido, “há enormes riscos financeiros” de se apostar com frequência. É o que opina Fabiano Jantalia, advogado especialista em direito bancário, financeiro e de jogos.

“Os riscos são enormes, tanto do ponto de vista financeiro, porque pode comprometer a capacidade da pessoa de honrar com despesas pessoais ordinárias, como suas contas de luz, de água, aluguel, escola das crianças, alimentação, como do ponto de vista psíquico e mental. Nós temos um histórico mundial e uma experiência internacional que nos demonstra que a prática habitual de jogos e de apostas aumenta a substancialmente o risco de desenvolvimento de transtorno de comportamento”, declara ele.

O outro lado

Essa questão veio à tona após o caso da Blaze. A casa de apostas tem sido criticada por usuários que não conseguem resgatar valores a que teriam direito. Internautas criticaram influenciadores como Felipe Neto, que recebem verbas milionárias para fazer publicidade da companhia.

Em resposta ao R7, a equipe de comunicação da Blaze se limitou a enviar textos institucionais de seu site. O principal deles tinha o título: “jogo responsável”:

“O jogo significa, para a maioria dos nossos usuários, entretenimento, diversão e emoção. Mas também sabemos que, para alguns de nossos usuários, o jogo tem efeitos colaterais negativos. Na ciência médica, o jogo patológico é reconhecido há muitos anos como uma doença grave.

Desde o início, pensamos sobre este problema e fazemos o nosso melhor para ajudar. Por ‘Jogo Responsável’, entendemos diversas medidas, com as quais um provedor de jogos pode ajudar a diminuir a possibilidade de efeitos colaterais negativos aparecerem. – No caso de já terem aparecido, também tentamos tomar medidas ativas contra eles.

O instrumento mais importante contra efeitos colaterais negativos do jogo é o conhecimento e a educação sobre os riscos do jogo para apoiar o autocontrole de nossos usuários, a fim de garantir que eles não sofram efeitos colaterais negativos.”

Caso alguma empresa do ramo deseje se manifestar sobre o assunto, o espaço desta reportagem segue aberto.

*Sob supervisão de Ana Vinhas

Fonte: Portal R7

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